03/08/2012
Histórico em Londres, judô traça meta para 2016: liderar quadro de medalhas
Após ouro feminino e recorde de medalhas em uma edição olímpica, CBJ já fala em objetivo ambicioso para Jogos do Rio: ser maior potência do esporte
Antes mesmo de as Olimpíadas 2012 começarem, o judô brasileiro já fazia
história ao classificar pela primeira vez atletas em todas as 14
categorias de peso - masculino e feminino. Com dois judocas como os
melhores do mundo (Leandro Guilheiro e Mayra Aguiar), a confiança estava reforçada, e metas foram traçadas pela Confederação Brasileira de Judô. Sarah Menezes
fez questão de bater duas delas, de uma vez só, e ainda foi além. A
piauiense chegou a uma final no feminino (meta 1) e conquistou o ouro
(meta 2). Com isso, ela também se tornou a primeira judoca brasileira a
ser campeã olímpica.

Sarah (ouro), Kitadai, Mayra e Baby: as quatro medalhas do judô em Londres (Foto: Editoria de arte/Ge.com)
Os bronzes de Felipe Kitadai, Mayra Aguiar e Rafael Silva
garantiram o objetivo que faltava: conquistar quatro medalhas e bater o
recorde de pódios em uma edição dos Jogos. De quebra, o judô ainda
superou a vela como esporte com o maior número de pódios em Olimpíadas.
Agora são 19 dos atletas de quimono, contra 16 dos velejadores (até o
momento). O sucesso em Londres foi comemorado pela comissão técnica, mas
as lutas nem bem terminaram e o foco já se virou para os Jogos do Rio,
daqui a quatro anos. Novas metas, dessa vez ainda mais ambiciosas, foram
traçadas para 2016. A finalidade é que o Brasil seja líder no quadro
geral de medalhas no esporte.
No entanto, a tarefa não será fácil. Em Londres, o país ficou apenas na
sexta colocação, com um ouro e três bronzes. Atrás de Rússia (1º),
França (2º), Coreia do Sul (3º), Japão (4º) e Cuba (5º). Depois de ficar
sem pódios em Pequim, a Rússia foi a grande surpresa, levando para casa
três ouros, uma prata e um bronze. Apesar disso, o coordenador-técnico
da seleção brasileira se mostrou confiante com o futuro do judô verde e
amarelo.
- Essa geração merecia uma medalha de ouro, merecia sobrepor todos os
resultados já alcançados. Pelo talento, empenho, comprometimento e
cumplicidade com a comissão técnica. Essa geração vai contribuir para as
que estão chegando. As quatro medalhas saíram de atletas bem jovens,
isso dá a garantia de grandes perspectivas em 2016. O objetivo do Brasil
é chegar em primeiro no quadro de medalhas do judô. Tenho certeza de
que vamos trabalhar não para ter um bom resultado, mas para ser a maior
potência do judô mundial - prometeu o dirigente.
Dos 14 judocas do Brasil que pisaram no tatame do Complexo Excel, nove eram estreantes. A mescla de atletas experientes, como Tiago Camilo
e Leandro Guilheiro, donos de duas medalhas olímpicas cada um, foi um
fator fundamental para o bom desempenho da equipe, ressaltou Ney Wilson,
que já vê novas caras para o próximo ciclo.
- Sempre há uma renovação de pelo menos 50% da equipe. A experiência
dos medalhistas em Pequim foi muito importante para os resultados desses
atletas que conquistaram essas medalhas aqui. Eles deram o ponto de
equilíbrio para chegar a esses resultados. Foi extremamente importante
dentro desse momento que a gente estava vivendo nos bastidores.
As campanhas em Londres
Abrindo o primeiro dia de lutas, os ligeiros fizeram bonito no último
sábado. Kitadai (60kg) conquistou a primeira medalha do Brasil em
Londres e, logo em seguida, Sarah Menezes
(48kg) fez história ao ganhar o ouro - depois de 20 anos do último
título olímpico do país no judô. A impressão era de que a meta de quatro
medalhas seria batida facilmente.

Piauiense Sarah Menezes se torna a primeira judoca brasileira campeã olímpica (Foto: Agência Reuters)
Mas a história não foi bem essa, e os quatro dias seguintes foram de angústia e frustração. Os meio-leves Érika Miranda (52kg) e Leandro Cunha (66kg) não passaram da primeira luta. No terceiro dia, Bruno Mendonça (73kg) e Rafaela Silva (57kg) estrearam bem, mas caíram nas oitavas, com Rafaela sendo desclassificada por um golpe proibido.

Após dois bronzes, favorito Guilheiro fica fora do pódio olímpico pela primeira vez (Foto: Agência AFP)
A maior esperança de medalha subiu no tatame na terça-feira. Número 1 do peso-meio-médio, Leandro Guilheiro
(81kg) era favorito ao ouro, mas não conseguiu sequer ir ao pódio. Com a
derrota nas quartas, foi para a repescagem e perdeu a disputa do
bronze. Tiago Camilo (90kg) até chegou às semifinais, mas foi derrotado na briga pelo pódio. Mariana Silva (63kg) e Maria Portela (70kg) ficaram pelo caminho ainda na primeira luta.
Na quinta, penúltimo dia de lutas, foi a vez de outra favorita
competir. Mayra Aguiar, líder do ranking meio-pesado, não resistiu a
americana Kayla Harrison, que terminou com o ouro. A brasileira se
recuperou da derrota e garantiu o bronze. Luciano Corrêa (100kg) foi eliminado nas oitavas.
Com três medalhas e a meta de quatro pódios ameaçada, Maria Suelen e
Rafael Silva eram as últimas esperanças do Brasil. Os dois pesados
avançaram, tropeçaram e tiveram que brigar pelo terceiro lugar. Suelen
(+78kg) foi a primeira a cair, terminando em quinto lugar. O peso do
trabalho do último ciclo olímpico ficou sobre as costas de Rafael Silva
(+100kg). E Baby não decepcionou. Venceu o sul-coreano Sung-Min Kim,
segurou o bronze e garantiu a melhor campanha do judô brasileiro em
Jogos Olímpicos.

O objetivo estabelecido pela CBJ no início do ano foi alcançado, mas
parece não ter sido o bastante para a técnica da seleção feminina,
Rosicléia Campos. Satisfeita com sua equipe, ela lamentou alguns
resultados que poderiam ter rendido outras medalhas e lembrou do
trabalho feito nos Jogos de 2008, que rendeu a primeira medalha de uma
mulher brasileira em um esporte individual.
- Acho que o balanço foi muito bom, mas sinceramente, como treinadora,
esperava mais. Eu sempre quero mais, meu perfil é esse. E tenho certeza
de que elas poderiam ter ido melhor. Se a Rafaela Silva não tivesse sido
desclassificada... Tinha certeza de que a Suelen ganharia dessa
japonesa. Estou orgulhosa da equipe como um todo. Quando a Keytlen
Quadros ganhou a medalha em Pequim (bronze em 2008), disse que poderia
morrer feliz. Ainda bem que não morri, para poder ver uma medalha de
ouro do feminino - brincou.
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